Forest Operations & Ergonomics

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O trabalhador florestal e a automação das operações florestais

Imagine um futuro distante, onde os operadores de máquinas florestais não necessitassem mais se deslocarem às fazendas e as operassem diretamente do escritório da empresa, a dezenas de quilômetros de distância. Seria possível? Ou apenas em livros, filmes e séries de ficção científica? Arthur C. Clarke, autor “best-seller” de livros como “2001: uma odisseia no espaço”, escreveu que “a única forma de descobrir os limites do possível é indo mais além deles, ao impossível”.

Bem, o período entre as décadas de 1990 e 2000 foi muito interessante para as operações florestais no Brasil, pois foi em seu início, com a abertura do mercado brasileiro às importações, que muitas empresas investiram na mecanização de forma intensiva. Entretanto, considerando todos os investimentos feitos na área florestal pelo setor a maior parte foi direcionada à mecanização da colheita da madeira e a construção e aparelhamento de modernos laboratórios de melhoramento genético.

O aumento no custo de mão-de-obra, a necessidade de se executar o trabalho de forma mais ergonômica e de se ter maior eficiência aliada à diminuição dos custos de produção foram fatores determinantes na mecanização das operações florestais. Com isso, houve ganhos significativos na utilização da mão-de-obra, reduzindo o índice de acidentes e obtendo, assim, bons resultados econômicos.

Pode-se dizer que as características atuais das operações florestais mecanizadas (de modo especial, as de colheita da madeira) são o elevado nível tecnológico, a alta produtividade, a melhor qualidade do produto final, o menor custo por unidade produzida, o menor contingente de mão de obra, a necessidade de operadores capacitados e as melhores condições ergonômicas, quando comparadas a métodos manuais ou semimecanizados. Entretanto, uma nova etapa tem mostrado premissas muito atrativas para as operações florestais, visto que as máquinas em campo cada vez possuem maior quantidade de sensores acoplados que monitoram os mais diversos parâmetros, como eficiência energética, monitoramento via satélite, parâmetros ergonômicos, de produtividade e de qualidade do produto. Assim, o novo desafio é a automação das operações em campo.

Automação é um sistema que aplica procedimentos automáticos que conduzem e controlam os mecanismos para seu próprio funcionamento, fazendo faz uso de técnicas computadorizadas ou mecânicas objetivando otimizar o processo produtivo. Tal palavra tem origem no grego “autómatos” que significa “mover-se por si” ou “que se move sozinho”.

Com a automação, as máquinas podem agilizar as tarefas com o mínimo de interferência humana, auxiliar a equipe na diminuição de atividades repetitivas e cunhar oportunidades para os trabalhadores desenvolverem novas habilidades. Além disso, o uso de tecnologias de automação pode diminuir os custos das operações e aumentar a competitividade da empresa no mercado.

A transição da mecanização nas operações florestais (1990-2000) impactou tanto nos modelos de negócio como na própria natureza do trabalho, onde os trabalhadores careceram de aprendizado para o trabalho em novos sistemas mecanizados e os que se mostraram abertos às novas tecnologias obtiveram oportunidades de qualificação e desenvolvimento profissional. Novamente, nesta nova possível fase de transição, aqueles que se mantiverem abertos às novas tecnologias certamente terão espaço no mercado de trabalho.

Talvez aquele futuro distante, onde os operadores de máquinas florestais não necessitem mais se deslocarem às fazendas e as operem diretamente do escritório da empresa, a dezenas de quilômetros de distância, não esteja tão distante assim.

Publicação original: http://folhapr.com.br/wp-content/uploads/…/05/Edição-464.pdf

Para citar este artigo:
OLIVEIRA, F. M. O trabalhador florestal e a automação das operações florestais. Folha Paranaense, n. 464, 2019.

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